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Aniversário do Guarany
Futebol Clube de Mariana
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Emílio estreou com 16
anos, em 1942, no quadro principal do tradicional Guarany F.
C. de Mariana. |
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As emoções de que me
sinto possuído, a cada retorno ao seio de Mariana,
representam a prova mais autêntica de que o distanciamento
compulsório do carinho e do convívio diário
com sua gente não é um caminho inelutável que
conduza ao esquecimento e à renúncia aos meus fortes
e sentimentais vínculos com as tradições, os
costumes e o modo de vida desta minha querida terra natal.
Hoje e agora, sinto a saudade dos
tempos felizes em que aqui compartilhei, com tantos e tão
queridos companheiros, as alegrias, as esperanças e os
sonhos da minha juventude.
Hoje e agora, desfruto da satisfação
e da alegria incontida de presidir esta solenidade, que assinala a
comemoração de mais um aniversário do nosso
glorioso Guarany Futebol Clube, com a emoção
redobrada de quem nasceu gêmeo com esta agremiação,
e que a ela serviu, em sua juventude, como atleta, e sempre lhe
vem seguindo, religiosamente, os passos, na trajetória
triunfante de conquistas esportivas e de agregação
social dos habitantes desta cidade. São décadas de
infatigável labor na defesa do patrimônio social e do
memorável progresso da terra marianense, que as gerações
vindouras hão de reconhecer e cultuar, assegurando a
perenidade desses sentimentos de apego e de exaltação
à nossa terrinha, numa caminhada que conduza ao ideal de
permanência da importância histórica, cultural,
religiosa e sentimental de Mariana, no cenário das
Alterosas.
É bom recordar e bem melhor
reencontrar os velhos amigos alvi-verdes, rever os recantos de um
passado que jamais me sairá da memória.
Dia de festa, hoje e sempre, da
família alvi-verde, propício a que se proceda ao
resgate da memória dos feitos do glorioso Guarany nas
competições locais e regionais, cuja lembrança
até hoje me comove, como no dia da minha estréia no
quadro principal, ocorrida em 1942, aos 16 anos, contra o forte
esquadrão do Ferro Brasileiro, de Barão de Cocais.
Brindado eu com a feitura de dois gols, o mano Nozinho e o Louro
completaram o marcador, 4x0, numa demonstração de
revanche, em nome da cidade, de um empate de 1x1, que o adversário,
uma semana antes, colhera frente ao nosso tradicional e aguerrido
rival, o Marianense Futebol Clube.
O estímulo da colheita dos
louros da minha estréia, em 1942, impulsionou-me a uma
dedicação desusada na defesa das cores do time, com
participação nos campeonatos da cidade, que se
iniciaram no longínquo ano de 1938, frustrado o primeiro
deles por desacertos na sua organização. O maior
acontecimento futebolístico, no entanto, foi a disputa, em
1944, do campeonato local, que reuniu o Guarany, o Marianense, o
Esporte Clube, o União Passagense, o Olimpic e o
Bandeirantes. Sagrou-se campeão invicto o nosso querido
Guarany, com uma vitória consagradora sobre o seu
competitivo adversário, o Marianense, pelo escore de 4x1.
Na realidade, foi um acontecimento
esportivo marcante, que enobrece os anais da nossa agremiação.
Manda, portanto, o espírito de gratidão e de
saudade, que eu nomeie os integrantes do esquadrão que
realizou essa conquista, para que fique indelével, na memória
dos nossos contemporâneos e na das gerações do
porvir, o registro desse feito. Os campeões foram: Bias,
Wilson, Zé Vaca, Ceci, Chico Tatu, Eliseu, Jaime, Durval,
Emílio, Periquito, Carlyle, Celso e Pepe, valendo ressaltar
que os dirigentes de então eram: Antonio Marinho (Ninico),
Dr. José Dias, José de Souza, Zeba e Alberto Macedo.
Os membros da família
alvi-verde, que já transpuseram os umbrais da eternidade, não
podem deixar de merecer, neste dia, o nosso preito de
reconhecimento e de saudade, porque constituem um exemplo
edificante de dedicação e amor ao nosso clube,
pilares da sua organização e de figuras sempre
veneradas ao longo do tempo. Entre tantos, correndo o risco do
cometimento do pecado da omissão, relembro os nomes de
Francisco Luiz Gomes, Celso Mota, Enoch do Carmo, Daniel Gomes,
Antonio Gomes, Antonio Marinho Gomes, Cristóvão
Gomes, Altivo de Souza, José Figueiredo, Tobias Ribeiro,
Aristides Xavier, Afonso Baeta, Antonio Rocha, Alberto Macedo,
Mestre Vicente, Dr. José Dias, Jorge Ibrahim, Jésus
Breiner, Abrão Silame, Pedro Silame, Zeba Torres, José
de Souza, Nico, Francisquinho Xavier, José Penaforte, José
Geraldo, Antonio Paca, Joãozinho Vieira, Francisco Machado,
Nozinho, José Barulho, Omar Guimarães, Chico Santos
e Paulo Munheca. A todos eles as nossas sentidas preces,
recordando com saudade maior e pedindo a Deus pelo eterno descanso
de suas almas, sempre presentes em nossa lembrança e num
reconhecimento do muito que fizeram pelo Guarany, projetando-o no
cenário esportivo de Mariana e adjacências.
Mas a dedicação dos
dirigentes das gerações passadas ao progresso do
nosso clube, não sofreu solução de
continuidade, em momento algum, mercê do empenho e dos esforços
inauditos de toda uma plêiade de abnegados batalhadores
pelas causas do Guarany, de que hoje é exemplo vivo e
atuante a gestão desportiva e administrativa dos diretores
contemporâneos, como: Mário Rocha, Cid Silva Pereira,
Toninho Rocha, Antonio Pacheco e Timóteo Santos, aos quais é
de justiça que eu agregue a figura exponencial desse grande
atleta do passado, Zezéu, que a doença,
infelizmente, nos privou de sua presença nesta solenidade.
Revezes nas lides dos campos de
futebol, sempre os houve e haverá sempre, porque são
da própria essência e contingência da vida
esportiva, em que na feliz expressão do olímpico Barão
de Coubertin "mais importante do que vencer, é
competir" e, ao Guarany nunca faltaram alento e força
para enfrentar as vicissitudes de eventuais derrotas, por mais
fragorosas que possam ter sido, e delas soerguer-se para a
conquista de assinalados triunfos no campo de luta.
Devo dar-lhes, senhoras e senhores,
o benefício de concluir esta minha estirada sentimental e
rememorativa, não sem antes, porém, estender os meus
mais vivos cumprimentos aos agraciados nesta solenidade que, por
sua dedicação, deram contribuição
valiosa à história do nosso Guarany.
Manifesto, também, o
agradecimento à imprensa pelo expressivo apoio ao nosso dia
festivo, com destaque para a jovem Rádio Mariana FM, que
tendo à sua frente o ilustre jornalista Francisco Esquárcio,
vem participando ativamente do desenvolvimento de nossa querida
Mariana. Ao dinâmico Prefeito Celso Cota, o nosso preito de
reconhecimento sincero pela efetiva colaboração dada
às nossas festividades.
Encerro, oficialmente esta
solenidade, agradecendo a presença de todos, desejando-lhes
felicidades, com ênfase para a participação da
centenária e querida Sociedade Musical União XV de
Novembro.
Foto do Estádio do Guarany F.
C.
Discurso, Jornal "Só
Sport", 1ª quinzena de agosto de 2003.
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