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Homenagem da Academia
Marianense de Letras ao Engenheiro Emílio Ibrahim
Somos particularmente sensíveis
a homenagens espontâneas que, ao contrário de
honrarias formais e protocolares, se revestem do cunho da
sinceridade e do carinho, principalmente, quando elas partem de
personalidades tão ilustres do nosso rincão natal.
Para nós que temos
enfrentado árduos caminhos pela vida afora são
sempre motivo de satisfação estas pausas agradáveis
e reconfortantes que nos oferecem os amigos, que crêem na
sinceridade dos nossos propósitos, na seriedade com que
encaramos as nossas obrigações de profissional e
homem público.
São manifestações
como esta que nos dão alento e que se constituem em
poderoso estímulo para prosseguir na caminhada, seguindo o
destino que nos foi determinado pelas contingências da vida,
para servir à coletividade.
Ao longo de todo o tempo que
dedicamos ao exercício de atividades públicas, nunca
deixamos de dar o justo valor aos aspectos culturais, de que esta
Casa é grande incentivadora, procurando em todas as nossas
ações honrar as suas tradições e o
compromisso que assumimos ao aceitar um lugar entre ilustres
pares.
Este modo de entender as atividades
públicas decorre da convicção de que as
obrigações de Estado, no que diz respeito à
personalidade do homem e à vida do espírito, não
se circunscrevem, apenas, aos deveres para a Educação;
vão além. Enquanto esta se processa regularmente, no
âmbito das Escolas, em correspondência aos períodos
normais de aprendizagem, as demais obrigações se
ampliam, ilimitadamente, no plano da Cultura. A Escola responde às
exigências da Educação. Para satisfazer os
imperativos da Cultura, os instrumentos a empregar são os
mais diversos e as ambições a atingir, por maiores
que se apresentem, perfeitamente legítimas.
Em verdade, a Cultura constitui a
base da Educação e da Civilização de
um povo. É por estes motivos que temos procurado sempre o
aprimoramento cultural e nos cercar daqueles que cultivam as
letras, o saber e as artes, buscando os grandes valores
profissionais lastreados em sólida cultura geral.
Na realização de
empreendimentos públicos temos tido ocasião de
imprimir-lhes sentido cultural como, por exemplo, é o caso
da nova Lapa, no Rio de Janeiro, onde procuramos dar especial
relevo ao grandioso monumento que são os Arcos, dentro de
concepção arquitetônica de cunho nitidamente
artístico.
Neste ponto, abrimos um parêntese
para entrar no terreno sentimental, que nos toca muito de perto o
coração. É hora de recordar os dias felizes
em que vivemos na nossa Mariana. Dizem que recordar é
viver. Pode ser um lugar comum, mas o dito faz parte das coisas
simples e, por isso mesmo, jamais perderá seu significado.
Sentimos esta verdade ao reencontrar antigos colegas e amigos, ao
rever os mesmos lugares que percorremos na nossa juventude.
Ainda sob o impacto desta emoção,
sentimos em nosso interior aquela doce saudade dos tempos felizes
em que aqui convivemos, compartilhando as alegrias, as esperanças
e os sonhos da infância e da adolescência.
O tempo passa, mas as lembranças
ficam. Lembranças dos estudos, lembranças dos nossos
mestres, lembranças das tradicionais comemorações
sociais e competições esportivas que tanto
empolgavam a nossa cidade.
Lembramos que, no prédio em
que está instalada a Academia, funcionou o Atheneu Cláudio
Manoel onde, após os primeiros estudos iniciados no Grupo
Escolar D. Benevides, fizemos os preparatórios para a
admissão ao Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto.
Temos no nosso convívio as estimadas Mestras: D. Anita
Horta e D. Santa Godoy, que guiaram com amor e carinho os nossos
passos na iniciação escolar. Conosco também,
mas em espírito, as saudosas Professoras: D. Chiquinha
Carvalho e D. Carmita Motta, que Deus levou, mas cuja lembrança
em nós estará sempre viva. A todas elas, a nossa
gratidão por tudo o que fizeram em termos de nos instruir,
educar e formar o nosso caráter.
Acreditamos que, por meio destas
nossas palavras, tenhamos conseguido transmitir, com toda a
sinceridade, o quanto significa para nós esta homenagem que
estamos recebendo.
Dentro deste espírito,
manifestamos os nossos agradecimentos a todos os ilustres Acadêmicos,
que honram com seus nomes e suas obras esta Casa de Cultura, à
qual rendemos o nosso respeito e a nossa admiração,
em especial ao seu digno Presidente, Waldemar Moura Santos, homem
de alto saber, professor e brilhante jornalista.
Para finalizar, o nosso particular
agradecimento ao estimado amigo e ilustre Acadêmico Wilson
Chaves, que nos recepcionou carinhosamente, honrando-nos com
palavras repassadas de grande generosidade para conosco.
Discurso em Mariana - MG, em 26
de outubro de 1979.
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